"6.13" 7b (IX) 60MTS

 

Essa linha já teve vários nomes, no dia a dia aparecem vários ‘nomes de via’, mas na hora de nomear, se o nome não se deu por alguma historia relacionado a linha, fica difícil, pelo menos p mim...




‘ 6.13 ‘  como ficou chamada por conta de uma investida q fizemos com Rud e Melissa na intenção de livrar e encadenar a primeira enfiada, numa sexta feira 13 já bem tarde saímos de SBS, 40min de carro e já estávamos caminhando pasto acima.
Como era tarde começamos com sol na parede, que por sinal tava bem quente.
Iniciei os trabalhos esticando uns 10 metros até um bloco suspeito onde não me senti confortável já q teria q usa-lo para apoio das mãos na escalada em livre; Ate então só tínhamos escalado em artificial por conta das fendas serem muito crequelentas; ao limpar elas iam esfarelando e até chegar em superfície solida, deu um ralo p ficar confiáveis..

Nesse bloco eu desci e o Rud foi, tentou não usar mas foi inevitável, puxou e caiu tudo p baixo, era do tamanho de um micro-ondas e ele tentou segurar virando junto com o bloco de ponta cabeça ao mesmo tempo gritando ‘pedraaaaaa’ e eu  na segurança consegui desviar.. Apesar dos apesares uma peça numero 1 BD que coloquei e pra mim parecia pouco aberta, segurou! UFA.
Depois desse lance tem uma chapa, única da 1° enfiada, onde descemos e graças a jah fomos todos embora pra casa nos 3, sã e salvo. Toda cena aconteceu em fração de segundos mas parecia em câmera lenta, e desde o inicio do role já sentíamos algo... É maluco como as coisas são, e são.

O que ficou desse dia foi o nome da linha, via mais limpa, e o toque do silencio após o estrondo da pedra. “SE LIGA MERMAO, VACILA QUE A MONTANHA TE ENGOLE”.

A historia 

Havíamos aberto uma highline e do lado B resolvi rapelar pra ver onde dava a linha do rapel, foi um deslumbre só, rapelar bem na linha de um caminho fendado negativo no final dos 60 mts. Isso 60 mts de fenda, um sistema com fissuras e fendas até #3.



Rapelei com roupa de apicultor, já q nessa região é recheada por abelhas africanas, mesmo com roupa seria um inferno encontra-las na parede... Nunca sabemos onde mora a dona abelha e é importante avistar-las ainda de longe, se viu, sai no sapatinho.



Nesse dia que desci tinha feito um bivak com meu irmão no cume, com direito a chuva de meteoros de perder as contas.




Rapelei com 20 lts de agua, sabia q iria voltar e usa-las quando voltasse conquistar.
E dale jumar de volta.

 


A conquista

Rud foi essencial dessa conquista, já q tinha chego por cima (rapelando) tivemos q abrir o acesso por baixo, quem conhece o Rud sabe, foi difícil acompanhar a velocidade dele ABRINDO trilha, barranco a baixo, tipo ‘dê o que dér’, depois damos um jeito de subir, já que teríamos que voltar no mesmo caminho.




Acessamos 21-12-19 e voltamos uma semana depois 29-12-19 cheio de disposição acampamos ao lado do carro no Cruzeiro do Caminho da fé, quase no meio do caminho...



Foi mais de um ano desde primeiro acesso por rapel até o inicio da conquista e isso gerou muito aprendizado e ansiedade, entendi que a linha tinha se apresentado a mim, mas ficava me questionando se tinha conhecimento e equipamento suficiente pro feito, até que resolvi dividir a conquista em partes e assim pra primeira parte teria tudo de sobra.

Esse desejo pelo incerto e o desconhecido faz nascer uma disposição que nem sempre aflora, ainda nao tenho acesso a esse 'animo' quando quero, simplesmente acontece, ou somos "chamados".. e ai deixamos crescer, e navegamos... é como se apaixonar!

O setor é imenso, se estende por mais de 1km de rocha sendo a extremidade da direita desenvolvida por Bruno Mata, Rodrigo Monte Claro, que vem abrindo vias há um bom tempo originando a falesia do Zé, hoje com mais de 30 vias de todos os tipos.


A Linha.




                    



Granitão polido, quebradiço e pequenos cristais soltam e caem sozinhos na base, as fendas ao limpar ia esfarelando e aumentando seu tamanho, por conta de toda essa delicadeza fui em artificial, logico.








Progressão lenta e trabalhosa, dentre marimbas idas e vindas fomos limpando e possibilitando passar por ali em livre.
Do chão ja é possível proteger muito bem a saída, é necessário ja que depois de boas agarras pra pé e entalamentos você tem que virar um lance pouco exigente, de pé no primeiro diedro protege alto para pagar um dos lances menos obvio da via, talvez o crux por ser um movimento nada trivial.






Depois desse lance acessamos a única chapa da primeira enfiada e você segue pelo diedro com uma fissura de # 0 á # .5 até a fenda néctar da via que vai para direita e fica perfeita para entalamentos, esse trecho começa com BD # 1 e termina em BD # 3 onde a via tende exigir resistência e fluência. 




Passinho a passinho a fenda foi se mostrando mais solida do meio pro fim. Essa cordada (~27MTS) fiz com Rud e Melissa. 






Até ai graduamos em 7b/c mas até então sem FA.
Fizemos 2 investidas pra abrir a primeira enfiada e metade da segunda. Tinha marimbondos de todos os tipos, o imprevisto previsto, só não imaginávamos que seriam tantos.. tivemos que ir pra cidade comprar mais baigon e não achávamos o bendito.

O sol castiga depois das 10h 11h, o ideal é escalar de manha, ainda na sombra.


A segunda enfiada merece uma boa limpeza p ser possivel fazer em livre com graduação altíssima.
Saindo da P1 para esqueda, ja em movel depois segue em artificial com TCU e nuts intercalando as chapas. 






Colocamos proteções fixas para 'possibilitar' escalar ela em livre, ja que toda via evolui conforme é escalada, essa não pode ser diferente com o tempo pode ser que mude alguns aspectos.



Respeitamos as possibilidades de colocações moveis, porem nesse trecho mesmo em artificial foi bem minucioso proteger e progredir, logo recebeu 4 chapas, até o teto final protegido em moveis seguido por furo de cliff/agarras e chapa até a parada da highline.
Tenho consciência que sem essas chapas a linha seria feita só em artificial delicado, e não é essa a ideia.




Nessa recebi reforços do Ingo quem conquistou do meio pro final da segunda enfiada, graduada atualmente em A2 não isolamos em livre nenhuma parte.

No fim da enfiada você se depara com a base da 'Highline Vô Tião' onde é possivel rapelar (com abandono) para P1. Deixe uma corda fixa na P1 para retonar para parede ou um rapel de 60mts direto pro chão.




Nossa relação com esse lugar começou em 2018, desde então fomos muito bem recebidos por todos. Um fato interessante foi que deixamos um galão cheio de equipamentos de highline, no cume, e demoramos muito tempo pra voltar e o galão sumiu... Demos por perdido até certo dia encontrarmos o dono e ele nos falou que tinha guardado o galão porque estava negociando os terrenos e tinha pessoas indo visitar o local, ele guardou pra nós por puro cuidado e carinho.

Essa é uma questão, não voltamos mais pra la, e os donos mudaram.. O acesso se da pela extrema esquerda da parede, subindo os pastos e atravessando a primeira mata um pasto íngreme até ir margeando a parede abaixo (para direita).

O setor tem um potencial enorme para vias longas e grampeadas, porem sendo realista acredito que não vou ver a geração que vai meter a cara e trampo nisso.

Para informações e betas mais precisos estou sempre a disposição.

Matheus Prado



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